terça-feira, 19 de agosto de 2008

Mania de Possuir e o Ciúme.



Compilação de dois textos de Fernanda Klink

Sabe, quando gostamos muito de uma pessoa, a ponto de querer ficar todos os dias com essa pessoa, todas as horas possíveis, isso é muito bom. Mas existe um limite, quando estamos junto de alguém, estamos somando e não completando, às vezes isso é difícil de entender, somos outro e não um único ser.

Muitas vezes, por gostar tanto não permitimos que a pessoa que está ao nosso lado seja ela mesma, podamos, cobramos, e acabamos “moldando” da maneira que queremos, mas adianta? Você gosta de quem? Da pessoa que você conheceu ou dessa pessoa que você inventou? Por diversas vezes sufocamos o parceiro, não permitindo que ele faça algo que sempre fez, colocamos regras, impondo horários, datas para se fazer isso ou aquilo. O relacionamento deixa de ser espontâneo, ele já não estará ao seu lado porque gosta, mas sim porque aquele dia é dia de namorar e somente as quartas feiras você poderá sair com seus amigos. Você não trás mais novidade pro seu parceiro, pois você não vive mais, senão em função dele, deixa de sair com os amigos, deixa de viver a sua vida, pra viver a vida dele.

Acho que devemos ser mais naturais, deixar as coisas acontecerem, fluírem, viver dia após dia, é claro, mas também, terem metas em comum, parceiros, como uma equipe, onde se respeita a individualidade.

Num começo de namoro por exemplo, você não dá bronca, porque é novo e fica chato, agora, por que você faz isso depois? Se antes você considerava errado, agora não é mais, só porque você criou intimidade? Claro que não, cada um deve ser da mesma maneira como era, o amor é uma coisa tão simples, o que complica é a insegurança, o medo, a falta de auto-estima, orgulho, ciúme e por ai vai. Escolher alguém que terá a tarefa de fazer com que você se sinta melhor, e ainda perturba essa pessoa para que lhe dê atenção 24 horas por dia, até o ponto que a pessoa se nega. Sufoca qualquer um não é mesmo?

Agir com honestidade e sinceridade também vale, afinal, tem um dia que você não quer ver o seu parceiro, simplesmente quer ficar só, ou simplesmente não quer fazer nada, não é que você deixou de amar, o ideal, é você dizer isso, e dizer sempre a verdade, não meia desculpa, com medo de arrumar encrenca, talvez você nem arrume uma encrenca naquele momento, mas você acaba entrando num beco sem saída, o da mentira, que mais dia menos dia se volta contra você, pois se você não jogou honesto desde o começo, depois não adianta vir querer cobrar algo que você não foi. Acabamos com a criatividade, você não é mais você e sim alguém que você inventou pra agradar a outra pessoa.

Muitas vezes, por achar romântico, por amor mesmo, acabamos nos anulando, deixando de fazer o que gostamos para agradar ao outro, não é ruim agradar o outro, mas é ruim desagradar você, esse simples desagrado vai virando uma bola de neve, que no final é jogada contra a pessoa que está ao seu lado.

Mas e o ciúme?

Ciúmes, sentimento estranho, como definir? Pela definição do Aurélio: “sentimento doloroso, causado pelas exigências de um amor inquieto, pelo desejo de possuir a pessoa amada, pela suspeita de infidelidade, zelo”. Mas na minha definição, é falta de confiança, falta de estima em si próprio, insegurança. Por que? Porque se você confia na pessoa que está ao seu lado, não há porque ficar com dúvidas e sentir ciúmes, se a pessoa te ama, e não dá demonstrações CONCRETAS do contrário, por que se sentir assim? Porque de repente, você não acredita e você mesmo, só pode ser isso.

Claro, existe um ciuminho normal, de possessão mesmo, de achar que a outra pessoa é sua, e que por isso não pode olhar para os lados, apenas por vaidade própria, o fato de gostar, não lhe dá propriedade sobre ninguém.

Tenho uma amiga que não deixa o namorado ler Playboy, me diga que mal há nisso? Todos os homens deste planeta gostam de ver uma mulher nua, mesmo sabendo que aquilo já é quase um desenho, de tanto photoshop que já foi usado, mas não importa, é fantasia, e ele vai realizar com quem? Com a mulher que está ao lado dele, óbvio, que lhe dá apoio, confiança. E se ela o proíbe, talvez ele não compre mais e nem tenha em casa, mas vai dizer que ele não dá uma olhada no escritório? Que ele não fuça na internet?

Ciúme é bobagem, e só corrói um relacionamento, faz mal, é como uma ferrugem. Imagine, uma pessoa que desconfia de você o tempo todo, sem você nunca ter aprontado, fica na sua marcação, toca o celular e ela já te olha com um olhar de “quem é?"

Algumas pessoas acham que o ciúme é prova de amor, mas o ciúme, pode acabar com o amor, transformando em uma separação. Li uma frase interessante, se você fizer as contas vai ver que sofreu mais com as pessoas que amou do que com aquelas que nos odiavam.

Confiança é a palavra chave, pois se você confia no outro e principalmente em você mesmo, as coisas são bem melhores, para os dois lados. Se a pessoa quer te trair vai te trair a qualquer momento, não é no futebol à noite, é na feira de sábado de manhã, é na hora do almoço daquela quinta feira, não tem como seguir os passos de ninguém, então a recomendação é viva e deixe viver, coleira só é bom pra cachorro, e olhe lá!

Pra finalizar, acho que todos nós devemos ser primeiro honestos com nós mesmos e depois com nosso parceiro e se acostumar a falar a verdade, por mais que doa, um dia você vai agradecer de ter sido sincero, e ai sim, o amor vai fluir gostoso, pois haverá uma segurança natural neste relacionamento, ninguém pertence a ninguém, não ache que qualquer rótulo é garantia de alguma coisa, você só mantém alguém ao seu lado com amor, respeito, confiança e muita amizade.

Sugestão de livro: Ningúem é de ninguém.
Sugestão de filme: A garçonete.

Salto Afiado

3 comentários:

Peep Toe disse...

Olha, se este texto fosse um tratado ou abaixo assinado, minham assinatura já estava garantida!!!

Anônimo disse...

Duas.

Anônimo disse...

Sabe que dia desses eu estava conversando com uma amiga justamente a respeito disso: fui casada por oito anos, e acho que deixei de amá-lo (e respeitá-lo) lá pelo segundo ou terceiro. Mas me recusava a largar o osso, por puro sentimento de posse: aquele homem era meu e de mais ninguém. Hoje, mais velha e mais madura, vejo quanto tempo da minha vida eu perdi em uma relação fracassada. Agora é tudo diferente, graças a deus!

Beijo!